quinta-feira, 14 de julho de 2011

No amor e na dor

Eu sempre tive uma visão romântica do ballet. Observava as bailarinas clássicas e sua desenvoltura no palco, sua leveza e serenidade, tudo na ponta do pé, e ficava impressionada com tanta maestria. Aquilo me encantava tanto, que não parava para pensar na parte dolorosa daquela arte: para chegar naquele ponto, ela teve que treinar muuuito.
Voltei a fazer balé depois de adulta, alimentando o mesmo sonho de menina: subir na ponta dos pés e fazer outros sonharem com a minha emoção no ballet. Mas, a realidade é outra.
Há duas semanas tive minhas primeiras aulas de ponta. Pensem na minha alegria quando comprei aquele par de "partner estudante" (tipo de sapatilha indicada para iniciantes). Ele brilhava diante dos meus olhos. Eu finalmente subiria na ponta, coisa que eu nunca consegui fazer durante as minhas fases de ballet, interropidas pelas circunstâncias da vida. Estava muito feliz com aquilo. Até collant novo e meia nova comprei para não fazer feio.



Mas eu fiz feio!
Foi extremamente sofrida a minha primeira aula. Meus dedos, já nem sentia mais com tanta dor. Ponteira até usei, mas parecia que elas não estavam ali. Gente, admiro ainda mais as bailarinas profissionais. Suei feito tampa de chaleira. A minha colega de barra até tentou me dar uma força: "Bora, não queria tanto subir na ponta?!". Ainda quero, minha filha, só preciso me acostumar com a dor. É tudo psicológico!!

Fui até o fim da aula. No outro dia, parecia que eu tinha feito 200 abdominais. Os dedos, intactos. Valeu a pena perder tantas calorias.
Enfim, minhas queridas bailarinas adultas. Ballet continua sendo um sonho pra mim, mas eu pretendo ir mais longe, com dor e tudo. Me aguardem nos palcos!